quinta-feira, 7 de abril de 2011

VOCÊ TEM A DOENÇA DA BELEZA???

Até que ponto a obsessão por um corpo perfeito está realmente transformando sofrimento em felicidade? Chocolate com culpa e roupas largas ou privação e barriga chapada? Mulheres inteligentes começam a buscar uma terceira via.

Não sei você, mas não sou a melhor amiga do meu corpo.  Em minha defesa, digo que gostaria de tomar uma taça de vinho às refeições como fazem as italianas, comer outra sobremesa que não fosse abacaxi mais vezes, não ir à academia por estar sempre muito cansada do trabalho. Sempre fui magra, mesmo até após duas gestações, mas iniciei uma briga com meu corpo ha dez anos, por estar, digamos assim, "acima do peso ideal".  Me recuso a vestir certas roupas em meus momentos de crise, a ir à praia ou clubes, a ter uma vida de bem com o espelho.





 Me culpo por não estar seca, me cobro uma barriga chapada e me atormento com celulite e flacidez, apesar de ter uma alimentação razoavelmente saudável e malhar "de quando em vez". 


Foi essa questão tão feminina que me levou a descobrir a psicanalista e coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ), Joana de Vilhena Novaes, especialista, como existem poucas no Brasil, em relacionamento da mulher com seu corpo e sua beleza. A bela Joana, 34 anos, tem dois livros publicados sobre o tema, O Intolerável Peso da Feiúra (PUC/Garamond) e Com Que Corpo Eu Vou? (PUC/ Pallas), e foi consultora da Dove para a campanha da real beleza. Será que Joana Novaes conseguirá nos ajudar a amar e respeitar, na alegria e na tristeza, este corpo que Deus nos deu? Leia !!! Vale a pena, com certeza !!!


Joana Novaes

O que há por trás de tanta preocupação com o corpo?

O grande divisor de águas em nossa relação com a forma física foi a invenção da pílula anticoncepcional. Ela deu à mulher poder de escolha sobre a maternidade – mas também acabou com a justificativa para relaxar nos cuidados com a silhueta. Ao mesmo tempo, entramos no mercado de trabalho. Ao contrário do que a gente imagina, nos anos 1980 a mulher se torna profissional com a obrigação de continuar feminina: ela tem de estar com o corpo em dia, se apresentar bem-vestida, seguir as últimas tendências da moda – sem descuidar da casa e do marido. E falhas não são admitidas.

Quem é o juiz nesse caso?


Acho que as mulheres são mais severas entre si. Peça um exemplo de mulher maravilhosa e invariavelmente vai ouvir falar de uma profissional reconhecida, bonita e boa mãe. Isso vem de casa, onde aprendemos o que é ser uma mulher de sucesso. Outro dia, escutei que o filho da Claudia Leitte tinha tido meningite porque a mãe já estava no trio elétrico um mês depois do nascimento. É cruel, mas é uma coisa feminina. Claudia era admirada porque já estava com a barriga tanquinho, mas também era culpada pela falta de saúde do bebê. De outro lado, você pouco ouve que os homens são desleixados e ausentes com os filhos. O crivo é bem menos duro. Já Ivete Sangalo é mãe zelosa, se dedicou inteiramente ao filho durante um ano e então ficou gordinha. Mas aí a mídia cai
em cima: “Ela vai perder peso quando?” Como ela vive da própria imagem, isso é visto como desleixo.

Por que a autoestima feminina está tão ligada hoje a um corpo magro e sarado?


Em tempos de miséria, apenas o clero e a burguesia tinham acesso à comida. A maioria esmagadora da população morria de fome, e a mulher cheia de curvas era o objeto de desejo. A imagem do sucesso, hoje, pressupõe que sejamos magros e jovens. É um corpo que exige disciplina, investimento, horas – artigos de luxo, para poucos. Ao mesmo tempo, não há nada que gere pior impressão do que um sujeito que não sabe administrar o próprio peso e aspecto, pois ele será avaliado como alguém que também é desleixado no trabalho, nas relações amorosas, consigo mesmo. Tendemos a responsabilizar a pessoa pela própria aparência e torná-la uma questão de caráter.


Por que estamos sempre tão divididas entre o prazer de comer e a necessidade de ficar seca?


Vivemos em uma sociedade bulímica: ela nos incita a consumir vorazmente para depois nos levar à privação ou a tomar alguma medida compensatória na mesma proporção.


Qual é a cura para que a mulher não se sinta uma cidadã de segunda categoria quando não está magérrima e malhada?


É buscar uma vida equilibrada, que permita a ela se divertir e se realizar no trabalho, no amor e com os amigos. Se você é loira, de olhos azuis, 55 quilos, ótimo. E quem não é? É bacana ser vaidosa, se alimentar direito, se exercitar, mas existe um universo de distância entre dar o melhor de si para cuidar da aparência e ser aceita e deixar de ir à praia, de namorar, de circular e se sentir uma fracassada, uma excluída. Em nossa cultura, a aparência é o valor máximo, mas temos obrigação de repensar isso.

Sofremos muito por não ter o corpo ideal, mas a maioria de nós espera por um milagre: uma pílula, um chá, uma bala. Se somos tão determinadas e capazes em tantas áreas da nossa vida, por que não conseguimos fechar a boca, suar e acabar com o conflito?


Conflito, por definição, é você se sentir aprisionada e não conseguir fazer nada a respeito. Quero ter o corpo de capa de revista, mas não quero me privar do que gosto de comer nem entrar em uma rotina cansativa de exercícios. A comida é uma grande companheira e pouca gente está disposta a abandoná-la. Atividade física é chato. Depois de um tempo, correr libera endorfina, mas, até você chegar lá, é um trabalho árduo. A palavra mágica é compromisso. Quais são seus objetivos? Eu queria ser a Gisele Bündchen, mas eu não estou a fim. Então, não vou ter o corpo. Se é uma prioridade, você tem que tirar um momento do seu dia para investir, programar na agenda.








Qual é a grande dificuldade de cada uma de nós para se cuidar dentro do nosso possível?


O meu possível nem sempre vai construir o corpo que eu acredito que deveria ter.

Como a gente faz para se sentir bacana na busca pelo nosso possível?

Como a gente faz para se sentir satisfeita com o que tem? Temos mania de desqualificar. Bacana é aquela festa para a qual não somos convidadas, bacana é um outro universo. Não olhamos para o que temos, vivemos na expectativa. Mas a expectativa pode paralisar, impedir de ver as delícias dentro do que é possível para cada uma.

Expectativa de quê?


De alguma coisa que está além. Você tem 21% de gordura, mas quer 18%. Legal é o marido da amiga. É algo a mais que sempre falta.

Comer com culpa engorda mesmo?

Engorda. Você fica paralisada e depois não consegue nem pensar.

Você faz dieta?



Faço dieta, tratamentos estéticos, tenho personal trainer, corro na esteira. Sou vítima e refém também. Faço parte. E, quando como doces, como com culpa. Nunca fui gordinha, mas fico de olho na balança. Hoje em dia, olhar o corpo é como pentear o cabelo, escovar os dentes. Já virou um hábito como os outros que temos de higiene.


Por que a gente se sente um rato quando está com meio quilo a mais?


É um fenômeno chamado socialização da beleza. Associamos qualidades depreciativas aos sujeitos gordos. Gordura é vista como um problema de caráter moral. Eu sou menos valioso, deveria ter feito um esforço a mais: me segurado para não comer aquele bolo de chocolate, ter feito um abdominal a mais. Sou culpado, inferior e me sinto privado; eu não posso comer o que quero, tenho que viver de dieta. Evito o prazer. A capacidade de suportar a dieta e o esforço para ter o corpo certo de finem meu caráter perante os olhos da sociedade.

Qual é o peso feliz para cada uma de nós?


Peso feliz é o que não aprisiona, que permite circular pelos espaços de que você gosta, ter suas relações amorosas, exercer sua sexualidade de maneira liberta. Certamente não é uma camisa de força, não em números. Corpo feliz não é um calvário. É um corpo parceiro, um corpo que acompanha você.



E aí amigas(os), gostaram da entrevista?
 Espero que sim, pois para mim valeu como uma sessão de terapia. Temos sim que não aceitar a "ditadura da magreza", mas convenhamos, ter uma educação alimentar indicada por uma boa nutricionista, fazer alguma atividade física, evitar grandes exposições ao sol, viver o mais prazerosamente possível, buscar o equilíbrio interno e externo, com Deus e com o outro... têm que se tornar hábitos, rotina em nossas vidas. Para isto, precisamos nos amar, termos disciplina, bom humor, fé...

Beijos meus amores e até breve...

Rita Barroso


Entrevista: Revista Cláudia

2 comentários:

  1. Rita
    Mto esclarecedor esse seu post. Pra mim então ... nem se fala.
    Somos mto parecidas ... E eu amo mto td isso !! HAHA
    Mil Bjuuu lindona

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  2. Carol,

    Você é sem comentários,emoção pura.
    E se gostou do post, vamos colocar em prática pra ficarmos mais "lindonas" ( por sua conta ) e saudáveis !!!

    Beijo grande...

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